sábado, 10 de dezembro de 2011

Educador musical.

O Educador Musical no Brasil

A discussão sobre a educação musical no Brasil é extremamente atual, a nova lei que faz com que a Música volte a fazer parte do currículo escolar está entrando em vigor, fazendo com que as pesquisas sobre as metodologias existentes sejam conhecidas e adaptadas.
Com o grande lapso da educação musical nas escolas, várias gerações ficaram sem um trabalho de referenciais sonoros. Com o avanço tecnológico foi possível ampliar o acesso da população aos mais variados ambientes sonoros, pois a possibilidade gerada pelas gravações estreitou o contato com as grandes orquestras, os melhores instrumentistas e os artistas mais renomados. A possibilidade de pausar, ouvir quantas vezes quiser, com o volume que desejar, de lugares públicos ao conforto de seu carro. Isso tudo parece inofensivo, mas, esta referência sonora não representa de fato a realidade, o que se ouve é aprimorado para atingir o nível de qualidade exigido, o que torna este som cada vez mais artificial. Desta forma os indivíduos estão, na verdade, cada vez mais distantes da sonoridade real, além disso, os ambientes estão cada vez mais barulhentos, os ruídos são frequentes e o volume acaba sendo cada vez maior, existindo uma competição sonora.

Antes do treinamento auditivo é preciso reconhecer a necessidade de limpá-los. Como um cirurgião, que antes de ser treinado a fazer uma operação delicada, deve adquirir o hábito de lavar as mãos. Os ouvidos também executam operações muito delicadas, o que torna sua limpeza, um pré-requisito importante a todos os ouvintes e executantes de música. (SCHAFER, 1992, p. 66).
A perda acaba não sendo somente auditiva, as pessoas não sabem mais sobre suas próprias capacidades, pois com referências irreais não há como reproduzir, criando dificuldades na criação e na expressão. Um exemplo disto é o uso amplificado da voz, através da excessiva utilização de microfones, da reprodução por aparelhos eletrônicos, como televisão, rádio e celulares, no momento onde é exigido o uso da voz de forma natural, as pessoas não sabem como colocá-la, gritam ou se calam, pois não conseguem utilizar o instrumento vocal que sempre os acompanhou. Assim como John Philip Sousa dizia, segundo Professor Daniel Gohn, quando surgiram os fonógrafos, os discos eram por ele chamados de “música enlatada”, e sua preocupação era de que as pessoas perdessem sua capacidade de cantar, por não mais utilizarem-se de seu aparelho vocal, segundo ele “o pulmão nacional dos EUA iria diminuir, porque as pessoas estão cantando menos”.
Desta forma a educação musical deverá promover a experiência, com uma proposta de que o aluno possa primeiramente se conhecer, e, vivenciar ao máximo a realidade musical, indo a concertos, apresentações de corais, dando atenção inclusive aos sons do cotidiano, mesmo aos ruídos, mas de forma a direcionar para uma experiência sonora.
O futuro educador musical deverá estar preparado para esta realidade, onde seus alunos poderão apresentar diversas dificuldades, carentes de um universo sonoro, de um trabalho de percepção auditiva. Sabendo-se que o investimento em materiais pedagógicos muitas vezes não atenderá às necessidades, deverá ser aproveitado ao máximo recursos simples como a voz, recurso este utilizado por diversos educadores musicais, Kodály e Villa-Lobos, que, através do canto orfeônico, modalidade de canto coletivo surgida na Europa, em particular na França; foi pensado para ser um alfabetizador musical de grandes massas populares, em contrapartida ao ensino profissionalizante ministrado em conservatórios, escolas de música especializadas e também instituições de ensino e colégios ligados a ordens religiosas. O canto orfeônico servia para alcançar grandes massas.  
A melhor maneira de se chegar às aptidões musicais que todos possuímos é por meio do instrumento mais acessível a cada um de nós: a voz humana. Esse caminho está aberto não somente aos privilegiados, mas também às massas. Zoltán Kodály. (BÓNIS, 1964, apud SZÖNYI, [1956], p.18).
Também deverão ser aproveitados todos os recursos tecnológicos presentes na realidade da escola, do professor e dos alunos.

Referência
CONTIER, A. D. (1998). Passarinhada do Brasil: Canto Orfeônico, Educação e Getulismo. São Paulo: EDUSC.
GUEST, Ian. Musicalização pelo Método Kodály. São Bernardo do Campo: Apostila não publicada. Impressa por ONG Brasilian Heart, 2009.
SCHAFER, Murray. Ouvido Pensante. Tradução: Marisa Trench de Fonterrada, Magda R. Gomes da Silva e Maria Lucia Pascoal. São Paulo: Fundação UNESP, 1992.
SZÖNYIi, E. (1976). A Educação Musical na Hungria através do Método Kodály. (T. p. Ávila, Trad.) São Paulo: SBK.
Entrevista com o Professor Daniel Gohn. Disponível em: < http://ead.sead.ufscar.br/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=133344>. Acesso em: 26 nov. 2011.

Apresentação

Este é um espaço criado a princípio para a disciplina de letramento digital da faculdade Ufscar. Mas estarei sempre postando minhas produções e experiencias relevantes no meio musical.